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FESTIVIDADES DE INVERNO: O ENTRUDO DE LAZARIM

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Tradicionalmente, as festividades de inverno são protagonizadas por figuras mascaradas e estão associadas ao solstício de inverno e ao equinócio da primavera. No MORE CoLAB, a equipa de Património, Turismo e Bem-Estar tem vindo a trabalhar esta temática através do Entrudo de Lazarim, nomeadamente o seu levantamento para inscrição no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial.

No passado, os trabalhadores agrícolas aproveitavam as mudanças de estação para pedir auxílio divino para a bonança das suas plantações, coincidindo com essas celebrações a utilização de máscaras.

Na Europa, as máscaras são sobretudo utilizadas durante o ciclo dos Doze Dias (do Natal, até ao dia de Reis) e no Carnaval, com diferentes variações e significados de país para país, um ciclo que se inicia com manifestações preparatórias a partir do dia 1 de novembro e que pode durar até à Páscoa.

Na Bulgária, as máscaras são apenas utilizadas no Carnaval e culminam com representações relacionadas com a agricultura. Na Roménia, as máscaras aparecem associadas a costumes invernais, como a caça, criação de animais e a vida agropastoril. Na Polónia, as máscaras predominam no Natal e no Carnaval e percorrem as casas das pessoas, desejando-lhes felicidade e encenando pequenas peças em que aparecem o Diabo e a Morte. Na Lituânia, as máscaras que saem no Carnaval representam cenas relacionas com a Morte, o Diabo e outras personagens particulares da região.

Marcas de identidade cultural

Em Portugal, e particularmente no contexto transmontano, as festividades de inverno podem ser enquadradas num período que começa a partir do dia de Todos os Santos e se prolonga até à Páscoa. Pelo que, no norte de Portugal, celebram-se neste ciclo as seguintes tipologias de festividades: Festas dos Rapazes; Festas de Santo Estêvão; Festas do Natal, Ano Novo e Reis; Carnaval; São João e São Pedro. São manifestações culturais nuclearmente relacionadas com o tempo cósmico, uma certa crença supersticiosa e com o tempo agrário, que ainda hoje pertencem ao calendário de manifestações de muitas localidades, vistas como marcas de uma identidade cultural muito profunda.

Alguns autores situam o início do ciclo de festividades de inverno no dia 1 de novembro, relacionando-o, por vezes, com tradições de povos antigos, por exemplo, como os celtas, que celebravam, o Samhein, ou o início do inverno a 1 de novembro, num ritual era realizado do dia 31 de outubro para o dia 1 de novembro.

Embora as festividades de inverno com máscaras sejam mais concentradas no período entre o Natal e o Carnaval, os atos preparatórios, que fazem parte integral da manifestação têm efetivamente início mais cedo, em novembro. Para as festividades acontecerem são, por vezes, necessários atos preparatórios, como leilões, peditórios, recolha de recursos vários.

O Entrudo de Lazarim e os seus Caretos

No MORE CoLAB, a equipa de Património, Turismo e Bem-Estar tem vindo a desenvolver um trabalho de campo sobre o Entrudo de Lazarim, nomeadamente o seu levantamento para inscrição no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial.

Embora seja uma manifestação da época de Carnaval, o Entrudo em Lazarim começa a ser preparado com bastante antecedência. Umas das características fundamentais desta manifestação são as máscaras de madeira de amieiro que os Caretos usam durante o Entrudo. Estas máscaras são feitas por artesãos da terra e a madeira tem de ser cortada e preparada durante os meses de novembro, dezembro e janeiro.

Começando por ser uma festa de carácter mais local, o Entrudo de Lazarim tem vindo a conquistar cada vez mais visitantes. As imponentes máscaras de madeira e os trajes elaborados com materiais da natureza são já conhecidos à escala global.

Cada máscara de madeira pode levar entre uma semana a 15 dias a ser construída e cada artesão pode fazer uma média de 15 a 20 máscaras por Entrudo. O Entrudo marca assim a passagem do inverno para a primavera.

Esta festividade, assim como outras de inverno, tem vindo a sofrer alterações e adaptações aos tempos que correm.

O Entrudo de Lazarim passou por períodos conturbados durante o Estado Novo, e inclusivamente chegou a não se realizar. Coube à população a sua reativação e manutenção durante os seguintes anos.

A criação do Centro Interpretativo da Máscara Ibérica, em Lazarim, foi um dos marcos históricos, abrindo-se o espaço da pequena vila aos visitantes nacionais e internacionais durante todo o ano.

 

Por: Carolina Carvalho

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