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O centeio é um cereal com excelentes propriedades, contudo a área de cultivo do centeio é a menor em 100 anos

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O centeio é um cereal com excelentes propriedades, contudo a área de cultivo do centeio é a menor em 100 anos

O centeio (Secale cereale) é um cereal com parentesco filogenético com o trigo e a cevada. É uma espécie de polinização cruzada, conhecida pela sua rusticidade e adaptação aos solos pobres, nomeadamente os arenosos. O centeio apresenta um sistema radicular profundo e agressivo, que lhe permite absorver nutrientes indisponíveis a outras espécies. A produção da semente apresenta algumas particularidades, por ser alógama.

De facto, o centeio apresenta muitas vantagens: tem a capacidade de se desenvolver em ambientes mais frios; pode ser colhido precocemente e assim funcionar como bom complemento para alimentação animal; desenvolvimento rápido e eficaz, relativamente a outros grãos. Tudo isto faz com que o centeio seja uma excelente alternativa tanto de plantio como de colheita.

A sementeira do centeio é realizada no final do Verão/início do Outono, dando origem a uma cultura com uma boa cobertura do solo limitando o desenvolvimento de ervas daninhas. O cultivo de centeio é realizado mediante um sistema de rotação, alternando com o pousio ou outro tipo de culturas como a batata em períodos bienais, trienais ou outros. O centeio beneficia as culturas com quem partilha a rotação, pois as suas raízes e palhas em decomposição enriquecem o solo. A colheita do centeio tem ainda a vantagem de ser anterior à do trigo, o que torna a palha do centeio ideal para a alimentação animal.

Por suportar ambientes mais frios, o centeio é indicado para pastagens de inverno e, por isso, muito utilizado na Europa onde ocupa dois terços do consumo de pão. Rico em hidratos de carbono, fibras, fósforo, magnésio, zinco, manganês e selénio, o centeio é uma importante fonte de energia com atuação benéfica ao nível dos ossos e dos intestinos. Este cereal atua no fortalecimento do sistema imunitário, contribui para o controlo da absorção de gordura e açúcar no sangue, e é uma boa fonte de antioxidantes. De facto, o centeio possui um grão muito interessante a nível económico, uma vez que na indústria alimentar é usado na elaboração de rações, farinhas, cerveja, whisky e vodka. Pode igualmente ser usado nas forragens ou na composição de rações nutritivas para os bovinos.

Apesar de esta ser uma realidade distante, a valorização cada vez maior do pão, atualmente, com preferência por pães mais “rústicos”, tem sido o motor para uma maior consciencialização acerca dos cereais em Portugal, e entre os quais certamente o centeio ocupa posição de destaque.

Curiosidades

  • A superfície de cultura de sequeiro passou de 95,000 hectares em 1990 para 18,225 hectares em 2006
  • A área de cereais de outono/inverno cultivada em Portugal em 2019 foi a menor em 100 anos
  • Portugal é um dos países europeus com menor aprovisionamento de cereais (23% das necessidades)
  • A Terra Fria Transmontana era reconhecida como a principal região produtora de centeio do país
  • Entre 2002 e 2006, em Trás-os-Montes a área semeada dedicada ao centeio passou de 19,800 para 9,300 hectares
  • Em 1920, a produção média anual de pão de centeio era insuficiente para suprir as necessidades, em que o consumo por habitante rondava os 177 kg/ano

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