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Soluções inovadoras de base natural para restauro de serviços dos ecossistemas em áreas degradadas pelo grande incêndio de Picões

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As encostas afetadas pelo grande incêndio de Picões (2013, 14.912 ha) persistem como extensa fonte de sedimentos transportados para a albufeira do Baixo-Sabor. Por um lado, a cobertura vegetal, em lenta recuperação sobre solos severamente degradados, é insuficiente para evitar escoamentos erosivos nestas encostas declivosas. Por outro, a perda contínua de solo e nutrientes não permite alcançar as condições edáficas necessárias à recuperação do coberto vegetal e ao restauro do ecossistema degradado. Uma estratégia de restauro neste contexto deverá focar-se na proteção das superfícies mais relevantes hidrologicamente e que estão mal cobertas, visando gerar infiltração in locus e promover o armazenamento de água e carbono (C), a atividade biológica dos solos e, consequentemente, a recolonização pela vegetação.

O projeto tem como objetivo, numa área piloto de c. 100 ha, implementar e demonstrar a eficácia de Soluções baseadas na Natureza (SbN) para a proteção dos solos degradados pelo grande incêndio de Picões, com vista a promover o restauro de serviços ecossistémicos, como a retenção de solo, o armazenamento de C e de água no solo, e a qualidade da água da albufeira do Baixo-Sabor. As SbN a implementar são condicionadores do solo (composto e biochar) à base de bagaço de azeitona (BA) e crostas biológicas, espontâneas ou induzidas. No primeiro caso, as formulações e o modelo de produção encontram-se consolidados, e em todos os casos a eficácia em áreas ardidas ou degradadas da região foi já comprovada. A incorporação de BA como matéria-prima das SbN dá um destino a este subproduto da fileira olivícola, atualmente convertido em resíduo e objeto de persistentes preocupações ambientais, contribuindo assim para a economia circular.

Os resultados das intervenções serão aferidos por comparação com a condição atual e com a da aplicação de polímeros floculantes, isto é mínima e máxima proteção do solo. A aplicação das SbN em faixas de nível seguirá uma distribuição espacial e um dimensionamento otimizados por um algoritmo assente num modelo de transporte de sedimentos na encosta que minimize a perda de solo e seus impactos, assim como os custos de implementação. A avaliação económica e ambiental da eficácia das intervenções assenta na quantificação de serviços ecossistémicos alimentada por protocolos de monitorização de processos erosivos (de campo, laboratorial e remota), propriedades do solo e qualidade da água na rede hidrográfica. Com estas medidas espera-se uma redução significativa da carga de sedimentos e das espécies químicas lançadas na albufeira do Baixo-Sabor e, dado que as SbN a aplicar são, per se, incorporações de C no solo, se aumente a resiliência do ecossistema da vertente a estados de tempo extremos.

Pela representatividade geo-eco-hidrológica da área intervencionada, espera-se como impacto do projeto um estímulo à sua replicação na extensa faixa degradada do habitat protegido dos matagais arborescentes de Juniperus spp, drenando diretamente para a albufeira do Baixo Sabor. Estas medidas vão ao encontro do definido no Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PANCD), no que diz respeito à adaptação às vulnerabilidades projetadas em cenário de alterações climáticas: seca e escassez de água e suscetibilidade à desertificação.

Através do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu (EEE), a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega são parceiros no mercado interno com os Estados-Membros da União Europeia. Como forma de promover um continuo e equilibrado reforço das relações económicas e comerciais, as partes do Acordo do EEE estabeleceram um Mecanismo Financeiro plurianual, conhecido como EEA Grants. Os EEA Grants têm como objetivos reduzir as disparidades sociais e económicas na Europa e reforçar as relações bilaterais entre estes três países e os países beneficiários. Para o período 2014-2021, foi acordada uma contribuição total de 2,8 mil milhões de euros para 15 países beneficiários. Portugal beneficiará de uma verba de 102,7 milhões de euros. Saiba mais em eeagrants.gov.pt.


Pela equipa ECO (ZHdez, SRgues), editado por Npinto.

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